Você sente que sua vida está estagnada?
Você tem dificuldades em tomar decisões?
Em se posicionar diante dos outros?
Prefere não se incomodar?
O dinheiro vem, mas não fica?
Talvez a culpa seja do seu pai!
Observe as questões e responda mentalmente cada uma.
Quantos "sins" você disse? Cada "sim" apresenta um pouco da distância que há entre você e seu pai. A presença do pai em casa não garante a presença do pai no coração e na vida, principalmente se o pai esteve emocionalmente distante.
O pai é a força masculina, é a proteção, o provimento, aquele que sai da segurança da casa para enfrentar o mundo e trazer o melhor para sua família, é a ordem, é a segurança diante da vida, é a coragem para enfrentar desafios e posicionar-se, é o dinheiro que entra na casa e faz crescer, nutrir, prosperar e se põe a serviço da família. Por essas razões, quando não tomamos nosso pai, não temos força diante da vida, nos sentimos pequenos e frágeis.
Entenda-se, aqui, o termo "tomar o pai" a partir do conceito que fundamenta as Constelações Familiares, "tomar o pai", para Bert Hellinger, significa apropriar-se internamente do pai, de tudo que ele nos deu e tudo o que ele representa no sistema. Sentir e ter o pai como parte de si mesmo, sentir o pai de uma forma amorosa e grata.
O que você tomou do seu pai? A que distância o seu coração está do seu pai? Como é o abraço? A propósito, tem abraço entre você e seu pai? Se há, é coração a coração ou meio de lado, meio indo embora, meio sem saber/ sem querer abraçar? Sua resposta já
Nos meus atendimentos, percebo que é muito comum os filhos e filhas não tomarem seus pais, porque o pai, muitas vezes, se apequena diante de uma mãe imensa; passa despercebido; delega a criação dos filhos à mãe, mantém-se distante dos filhos mesmo morando na casa, com a família.
Importa dizer, antes de continuar, que isso tudo se trata no nível do inconsciente, não é proposital, porque o amor "não dado" ou "mal dado" não é uma opção, é uma herança, uma aprendizagem. O pai só pode dar o que recebeu, só consegue dar o que tem.
Não conseguimos "tomar o pai" nas vezes em que o pai não vê os filhos, não se aproxima, não acolhe, não se coloca como aquele que faz parte da vida dos filhos e os encoraja diante da vida. Podemos elencar diversos fatores para explicar tal distanciamento, mas vou me deter aos mais comuns.
Algumas vezes, o pai desaparece, porque a força da mãe o distancia dos filhos. Outras vezes, a mãe, inconscientemente, afasta os filhos do pai. A geração 40+ ouviu muito, e repetidas vezes, falas do tipo: "Não incomoda seu pai, ele chegou cansado"; "deixa teu pai quieto"; "fica pra lá, não leva bobagens pro teu pai"; "agora teu pai vai ver notícias, ninguém faz barulho"; "deixa teu pai chegar pra você ver!"; "vou contar pro teu pai, deixa ele saber" - falas assim fizeram parte da infância de muitos adultos, doeram e doem até hoje, porque nos separaram do pai para sempre. A mãe blindou a presença do pai e o tornou inalcançável, o fez sem querer, é claro! Porque a cultura determinou, implicitamente, que os filhos são responsabilidade da mãe e não podem "incomodar" o provedor, pai.
Outras vezes, porém, o pai se afastou, porque não sabia amar de perto, porque a distância era o melhor que podia oferecer; a sua própria dor cegava o coração e ele e não conseguia "ver" sua família, estava preso na sua busca pelo pai ou pela mãe, tanto que não conseguiu, efetivamente, pertencer à família que criou. Não conseguiu se fazer pai, no sentido mais completo, para seus filhos e, muitas vezes, sua dor o conduziu a algum vício.
A bebida alcoólica tira muitos homens bons de suas famílias, servindo para eles como refúgio, como um "lugar" protegido da vida e do mundo - sempre que estes lhes parecem muitos hostis. A bebida, sob esse prisma, também funciona como uma forma de "seguir alguém"- "fui abandonado, por não ser merecedor da presença amorosa, então eu também me abandono"; "minha vida não foi importante para meus pais, também não para mim, então desisto lentamente" ou ainda "meu pai bebia, sou seu filho, sou igual a ele". Para Bert Hellinger, o vício sempre é sintoma da falta do pai - enquanto presença, amor, proteção,...
Tomar o pai ajuda a resolver o vazio, ajuda a ganhar força diante da vida, força para se mover e prosperar, coragem e segurança para tomar decisões e se posicionar. Coragem para fazer os enfrentamentos necessários, sem se "encolher" ou recuar diante de conflitos, assumindo-se adulto diante da vida e em condições de produzir, gerar renda e prosperar.
E sobre a CULPA... Seu pai não tem culpa! Ele lhe deu tudo o que tinha e isso foi suficiente para você se tornar quem é. Não foi e não é fácil para nossos pais enfrentarem suas próprias sombras, como também não é fácil entregar-se aos sentimentos e aceitar senti-los na intensidade que têm e do jeito que se mostram. Nossos pais precisaram ser fortes, precisaram "engolir o choro", precisaram esconder os bons sentimentos e não aprenderam a amar e ser amados como filhos e não encontraram em seus pais o afeto e o acolhimento que precisavam para se nutrir emocionalmente e se tornarem pais emocionalmente mais saudáveis.
Não conhecemos a história dos nossos pais, não conhecemos suas dores, mas podemos ter a certeza de que são muitas e que as carregam corajosamente do jeito que conseguem. NÃO HÁ CULPA! NUNCA HOUVE! Há a necessidade de olharmos para nosso pai com ternura e, internamente, reconhecer, com gratidão, tudo o que ele foi capaz de oferecer, sem esperar mais nada, sem esperar que fosse diferente, sem julgar. APENAS acolher a existência do pai que temos, porque a sua vida começou com o pai, na doação da célula necessária à geração de sua vida que aconteceu, de forma fabulosa, no corpo da mãe.
O pai é o início e com o pai a nossa vida se torna possível e plena.
COMO TOMAR O PAI? Quer aprender? Tente esse exercício terapêutico:
Então vamos lá...
Você vai escrever cartas que não serão enviadas e não serão lidas!
Escreva uma carta para seu pai, sei que a frase inicial é a mais difícil, então darei a frase inicial: "Querido pai, você me fez/faz muita falta..." a partir dessa frase, continue a carta com o máximo de liberdade que puder, escreva tudo o que sente, mágoas, saudades, alegrias, orgulho,... deixe fluir. Não importa quantas folhas terá, não importa quantos erros de escrita, não importa se faz sentido, só escreva e não se julgue.
Terminada a carta, dobre e guarde. Não releia, não faça mais nada, apenas dobre e guarde.
Em 3 meses, escreva outra carta, da mesma forma, não tente se lembrar do que já escreveu na anterior, não tente ser igual ou diferente, só escreva. Depois, novamente, apenas dobre e guarde.
E, então, após 3 meses, refaça o exercício, porém a carta começará assim: "Querido pai, eu agradeço....., porque agora eu sei........." preencha os espaços com suas experiências e sentimentos. Para finalizar, sua carta terá o seguinte fim: "Querido pai, eu vejo você e liberto você das minhas expectativas, também me liberto das suas e assumo meu lugar de filho e, hoje, eu tomo tudo o que você me deu pelo preço que você pagou com amor e gratidão, muito obrigado"
Gostou? Deixe nos comentários a sua opinião ou experiência com o exercício e, só para você saber: não se assuste se você chorar muito, não se assuste se algumas coisas dentro de você ficarem confusas ou "desorganizadas", isso faz parte do processo, confie e continue
Um abraço,
Rubia Tessaro
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