Para Bert Hellinger, a mãe é a pessoa mais importante da nossa vida, porque é através dela que recebemos a vida. Foi o "sim" dela diante da fecundação, diante da gravidez e das transformações do corpo; o "sim" diante dos riscos de vida que assumiu para nos permitir vir ao mundo através do parto, diante da necessidade de nos nutrir, nos cuidar, nos manter limpos, nos estimular, educar, amar e deixar viver. Quanto amor há em cada ação! Quanta resiliência e fé na vida!
Ela não é perfeita, ela é humana. Ela não faz tudo certo, mas faz querendo profundamente acertar em tudo, ela não faz o que nós esperamos, ela faz o lhe parece ser o melhor diante das condições que tem. Ela não tem obrigação de dar conta das nossas expectativas, não tem obrigação de nos servir, não tem obrigação de fazer por nós o que podemos fazer sozinhos, afinal, ela é a MÃE!
A nossa relação com a mãe tende a ser confusa - ora morremos de amor e gratidão, ora a julgamos e condenamos por nossas dores e interpretações, pelos "ses" que colocamos nas lembranças - e "se" ela tivesse feito assim..., e "se" tivesse me incentivado..., "se" tivesse tentando me entender, me ouvir, me dar isso ou aquilo...
Precisamos acolher algumas afirmações dentro de nós: ela nos escolheu, existimos porque ela decidiu; ela é maior, ela veio antes, ela é a mãe certa para nós sermos quem somos e continua sendo a mãe certa para que nos tornemos quem podemos ser na vida que sonhamos. O que isso significa?
Significa que tomar a mãe e tudo o que ela nos ofereceu, da forma como foi, sem esperar que fizesse diferente ou que fosse diferente - nos liberta para a realização do movimento em direção à vida que sonhamos, porque é preciso crescer, é preciso se tornar adulto para enfrentar o mundo em condições de pleitear vitória e prosperidade. Não há vitória ou prosperidade para os infantes, crianças não ganham dinheiro, crianças não tomam decisões, crianças não se relacionam, não formam família, não constroem riquezas - porque são crianças, porque para as crianças o sustento vem dos pais, elas só pedem e esperam.
Muitos adultos ainda são crianças diante da vida, porque se sentem crianças diante da mãe, porque julgam e esperam, porque acreditam que a mudança deve vir dos outros (mãe), a culpa é dos outros (mãe), que devem ser servidos em suas vontades e anseios pelos outros (mãe) como foi desde o início. Mas, infelizmente, não é assim que funciona na vida real. O mundo não se adapta, não espera, não é a mãe!
Crescer exige decisão de enfrentamento, enfrentar as mágoas colocando reconhecimento e gratidão no lugar, aceitar o que foi do jeito que foi, ciente que ela fez o melhor sempre, ela escolheu o melhor para nós, considerando as condições que tinha, o conhecimento que tinha, as dores que trazia, os medos que guardava, as cicatrizes que carregava. Pode não parecer, mas todas as mães tem uma história de vida que nos precede e que as tornou tudo o que são e essa história está em nós agora, como filhos e é desse lugar que devemos olhar para a mãe e respeitar, acolher e amar o que nos foi dado. Só assim conseguiremos seguir em frente sem carregar as mesmas "feridas", só assim estaremos livres para construir uma vida nova e nossa.
Quer ressignificar sua relação com a mãe? Constele, aprenda a tomar (internalizar) a mãe e toda a sua força para saber tomar o poder sobre a sua vida.
Um abraço,
Rubia Tessaro
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