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Foto do escritorRubia Tessaro

A utilidade do sobrepeso

Atualizado: 1 de abr.



balança com uma fitá métrica e uma maçã
Só dieta não resolve, é preciso conhecer os gatilhos emocionais do sobrepeso

É estranho como muitas vezes, mesmo diante de diversos esforços - dieta, treino, acompanhamento - não conseguimos eliminar os quilinhos que nos incomodam. Talvez isso aconteça porque eles exercem uma função importante dentro dos nossos mecanismos de defesa.

Existem, é claro, questões físicas, metabólicas, que interferem, mas há questões emocionais que, por não estarem no nível da consciência, agem sobre nossas decisões racionais, criando boicotes, sabotagem, pequenos desvios nos nossos planos e decisões. Por isso é importante pensar com profundidade sobre a importância do sobrepeso na nossa vida, a quem esses quilos estão servindo? Do que estão nos protegendo? Como eles são úteis?

O sobrepeso pode estar ligado ànecessidade de proteção, à necessidade de se tornar maior, mais forte e, pode ser um mecanismo criado por uma criança que se sentiu desprotegida, sozinha, responsável por si mesma; por uma criança que, em algum momento, precisou da mãe ou do pai e não pode contar a proteção deles - e não há culpa dos pais em relação a isso, porque não sabemos as razões de sua indisponibilidade - doença na família ou de um deles, viagem a trabalho,...

O sobrepeso vem como uma forma de manter uma certa distância das pessoas. Pense: você evita pedir ajuda? Você precisa estar no controle para se sentir bem? Você busca auxílio na comida a partir de qual gatilho? - Tente identificar o (os) gatilho(s) que desencadeiam a autossabotagem, tomar consciência disso pode ser libertador, pode ser o início de uma nova fase.


Outra possibilidade é quando o sobrepeso oferece um lugar, visibilidade, ainda que negativo, ainda que não de uma forma edificante, mas permite que alguém seja visto, seja cobrado, cuidado. O sobrepeso, nesse caso, traz a atenção da mãe, faz a criança (ainda que adulto) despertar o olhar da mãe para o cuidado. Quando o filho precisa ser nutrido é a mãe que ele chama, quando tem dor é à mãe que ele pede ajuda - como fica uma criança que sente que não é prioridade na vida da mãe? Rejeição? Solidão? Indiferença? - Também aqui não se julga a mãe, porque dar o sustento é mais importante que olhar, prover é prioridade para a manutenção da vida física, talvez essa mãe teve que focar no trabalho, teve que fazer horas extras, teve que ser ausência para que a comida fosse presença na mesa, e essa mãe colocou toda a sua força de amor no alimento ofertado, na casa, na roupa, no remédio,...


Nesse caso, há uma criança que sente falta, que pede o olhar da mãe e que fica pedindo, esperando pelos outros, responsabilizando os outros. Essa pessoa não emagrece porque é criança, porque não assumiu a responsabilidade sobre si mesma, está à espera.

E ainda, podemos considerar que o sobrepeso pode desempenhar uma função de proteger pessoas sensíveis que não puderam ser sensíveis, que engoliram o choro, que precisaram ser fortes, que foram criticadas por demonstrar sentimentos, sentir é coisa de gente fraca, de gente frágil, que não aguenta "as porradas da vida", quem é fraco sempre fracassa, só os fortes vencem é o que diz a lei da natureza "o maior se alimenta do menor".

Uma criança que precisa esconder como se sente, porque seus sentimentos envergonham os pais, entende que precisa crescer e ser maior que todo mundo, nesse lugar, estará protegida e livre das críticas, livre da reprovação, livre do fracasso, não será alimento dos grandes e pode participar do grupinho dos vencedores - certo? Errado!

Se ela cresceu num ambiente de crítica e menosprezo, continuará sendo criticada, mesmo que carregue todos nas costas, mesmo que faça tudo por todo mundo, mesmo que seja engraçada, querida, prestativa. Ela só quer ser aceita, quer ser reconhecida, quer se sentir amada.

O problema não é ela, o problema é como ela se vê e o quanto que ela permite que esse ambiente tóxico a contamine. Emagrecer, nesse caso é mais fácil do que romper com o ambiente, romper com as crenças, romper com a toxicidade das pessoas ao redor.

O sobrepeso, mais do que uma armadura de proteção e distanciamento, é um pedido de socorro que precisa ser identificado, entendido e acolhido com respeito, porque a pessoa com sobrepeso sabe que tem sobrepeso, ela se vê. Mas para que possa superar, ela precisa conhecer a sua força, saber quem é e quem pode se tornar, precisa se convencer de que tem valor, é capaz e pode, pode abandonar a armadura, porque agora se tornou disponível para viver uma nova fase e, nessa nova fase, não precisará se sobrecarregar, poderá seguir em frente sem o "peso" físico e emocional do "mundo".


Abraços

Rubia Tessaro

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